"É exatamente durante a tormenta que
podemos ver a força de um barco". Com esta imagem, a professora da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e desembargadora do TRT-RJ,Sayonara
Grillo Leonardo Coutinho da Silva, expôs o desafio de garantir o direito ao
trabalho diante da atual crise brasileira e internacional.
A professora foi uma
das participantes do I Seminário Internacional O Direito Humano e Fundamental
ao Trabalho em Tempos de Crise Mundial, promovido nesta semana pela Escola
Judicial do TRT-PR.
Na atual realidade, há um perigo de
retrocesso na legislação trabalhista, o que atentaria contra os princípios dos
tratados dos quais o Brasil é signatário. O alerta foi da professora Daniela
Muradas, da Universidade Federal de Minas Gerais, que sublinhou que "o Principio
da Vedação do Retrocesso está presente na Constituição da Organização
Internacional do Trabalho, assim como na Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948".
Para o professor Carlos Alberto Molinaro,
da PUC/RS, a ordem jurídica deve se basear em respeito, reconhecimento e
reciprocidade, para que possa gerar responsabilidades aos atores sociais, de
onde haveria uma redistribuição equilibrada do poder social. Trata-se de sua
teoria dos cinco "R".
Outro painelista, o professor de Direito
Internacional da UniBrasil, Eduardo Biacchi Gomes, observou que os tratados
internacionais na área de Direito Trabalhista poderiam ser mais utilizados nos
julgamentos, como ocorre em outras áreas do Direito.
Juristas destacam papel ético e social do
trabalho
Na mesa de debates sobre o tema
"Trabalho e Direitos Fundamentais", o juiz e professor da UniBrasil,
Leonardo Vieira Wandelli, criticou a visão do trabalho como mercadoria e do
trabalhador como alguém que busca meramente meios de sobrevivência. O
magistrado frisou que o trabalho tem a perspectiva de realização pessoal,
desenvolvimento da personalidade e de aprendizado ético e político.
Também compôs a mesa o professor Carlos
Luiz Strapazzon, da UNOESC, para quem o Brasil está sofrendo não apenas uma
crise econômica, mas uma "grave" tensão social, de retrocesso e
ameaça à segurança aos direitos fundamentais. "Estamos num momento
importante para densificar o discurso de proteção constitucional aos
trabalhadores". O jurista alertou que dados de 2013 apontam que 17% da
população ocupada não tem amparo previdenciário.
Para a procuradora do trabalho e professora
da UFPR, Aldacy Rachid Coutinho, não é apenas agora, com a crise econômica, que
se faz necessária uma reflexão sobre a proteção dos direitos dos empregados.
"A crise sempre aconteceu, sempre esteve entre nós. Toda perspectiva de
reduzir o direito ao trabalho a aspectos meramente jurídicos em nada enfrentará
o problema central que é de natureza ética", afirmou.
Na conferência "Trabalho, Constituição
e Democracia", o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
e professor da PUC/RS, Ingo Wolfgang Sarlet, fez um relato histórico sobre a
evolução da proteção aos direitos fundamentais dos trabalhadores. Para o
jurista, o fato de os direitos dos trabalhadores estarem inseridos na
Constituição Federal como direitos fundamentais impede o aprimoramento das
normas trabalhistas relacionadas ao 13º, ao terço de férias e, principalmente,
às questões sindicais. As regras constitucionais de associação dos
trabalhadores, segundo o palestrante, são de "uma timidez descarada",
o que as torna até mesmo "antidemocráticas".
O conteúdo do I Seminário Internacional O Direito Humano e Fundamental ao Trabalho em Tempos de Crise Mundial permanece
disponível no canal do TRT 9ª Região no Youtube.
Fonte: TRT 9ª Região
Fonte: TRT 9ª Região
Nenhum comentário:
Postar um comentário